domingo, outubro 31, 2004

DIVAGAÇÕES SOBRE "DILÚVIO EM TEMPOS DE SECA

Ontem, fui com minha amiga Amanda e dois extras ( por "extra", me refiro a pessoas que nunca vi e nem conversei, inclusive no dia em os encontrei ) ao teatro. A peça era "Dilúvio em tempos de seca", direção de Aderbal Freire- Filho, elenco: Wagner Moura e Giula Gam. Como um blog dá a liberdade de escrever como bem o autor entende, não farei uma resenha tradicional. Enfim, voltemos a peça: boa. Uma peça boa. Vale a pena ver. Isso se voltar, pois hoje ( dia 31 de outubro ) é o último dia em cartaz. Em meio a falta de algo novo e estimulante no teatro carioca, sempre é ótimo assistir a um trabalho bem realizado e que, simplesmente, entrega o que promete. Infelizmente, no dias de hoje, um trabalho só bom já é motivo para comemoração. Mas, para variar, estou me distanciando. O texto de Marcelo Pedreira é bem escrito, com alguns momentos em que a identificação do público com os personagens ocorre de maneira genial. Cito um fala do personagem de Moura em que ele relata que "aperfeiçoou a arte de bater a cabeça quando dorme no ônibus". Amanda destacou outra fala, que concordei, na qual Giula Gam discorre sobre como o ato sexual é animalesco: "Um pessoa em cima de você, suando, grunhindo..." Acho que era mais ou menos assim que ela falava. Qualquer coisa, Amanda me corrigirá. Um dos prazeres dela é me mostrar o quão sou bobo. Também achei o argumento de uma simplicidade metafótica genial ( uau, ficou bonito isso ): um Escritor em crise e uma Modelo depressiva se refugiam dentro de um banheiro, enquanto uma chuva torrencial acontece no lado de fora. Forçados pelas circustâncias a ficarem juntos, começam a falar de suas vidas e o Escritor resolve escrever um livro tendo a Modelo como inspiração. Esse fiapo de trama é a desculpa para os personagens falarem sobre diversos aspectos da existência, como sexo, frustrações, cobraças, a necessidade de relacionamentos e a dificuldade em mantê- los. Enfim, o barato da peça são as observações de terceiros sobre questões que teimam em nos perseguir e, pior, insistem em ser vagas e inconclusas. Não sei notaram, mas coloquei em maiúsculo as palavras "Escritor" e "Modelo". Apesar de os personagens não terem nome, escolhi escrever dessa maneira para passar uma melhor idéia da diferença entre os personagens. O Escritor seria o rômantico, alguém que insiste em sua arte, mas não sabe direito por que. A Modelo, por sua vez, é uma mulher que insiste em fugir da realidade que não suporta. Em comum, só o fato de estarem frustrados com suas vidas. São árquetipos, por excelência, as pessoas diferentes que nunca se cruzariam numa situação normal. O elo que os mantêm juntos são o dilúvio e o livro. Pedreira faz um interessante metáfora entre o dilúvio que enfrentou Noé e que permitiu o recomeço da vida no mundo ( a Modelo carrega a bíblia em sua bolsa e cita a "Gênese" logo no ínicio )com a trajetória de seus personagens. Enquanto a chuva cai, eles entram em contato com seus sentimentos e posições, mas, principalmente, um com o outro. Passam da repulsa à cumplicidade e, finalmente, ao entendimento e a redenção. A redenção dos personagens é o fim do dilúvio e um recomeço para a humanidade. É uma mensagem bonita, que só agora, enquanto escrevo essas linhas, começou a bater de verdade em mim. Incrível!... ... Amanda saiu da peça como se tivesse levado uma porrada. Gostou tanto que chegou a gritar um alto "Uhu!" ao lado do ouvido inútil. Agora entendi qual foi a dela. Eu sei que isso não tem nada a ver com o texto, mas não é maravilhosa a sensação de redescoberta? Você perceber alguma coisa muito boa em algo que você já conhecia? Nossa! Rapaz... Agora que a onda está baixando, passarei para alguns aspectos mais técnicos. Resenha que é resenha tem que ter observações mais frias e, apesar dessa não ser a típica resenha da tia Bárbara, vou respeitar isso. Trilha sonora boa, mas não acrescenta nada ( só me deixou com vontade de ir dançar na Dama de Ferro ), encenação muito boa ( a escolha pelo hiperealismo, ressaltando os árquetipos, permitiu uma distância do público saudável o suficiente para rolar a identificação, a troca entre a arte e os espectadores ), o cenário ficou muito legal, a Giula Gam tava razoável, ruim no início, irregular no meio, boa no final ( cara, nos primeiros 30 minutos, eu não conseguia entender uma única palavra que saía da boca da mulher. E as caretas dela de fria era bizarras. ) e o Wagner Moura arrasou. A peça foi praticamente dele. Ele tava perfeito, contido e exagerado nos momentos certos. Dava para entender o que ele dizia, não tenho nenhuma queixa dele. O cara entendeu qual era a da encenação e seguiu exatamente como deveria. O teatro tava frio, blá, blá, blá, blá, chega. Por terminar dizendo que a peça não mudou minha vida. Mas é sincera, bem realizada e faz o espectador pensar sobre sua condição e dos outros. Ao contrário do que aconteceu com Amanda, não senti um soco no estômago ou falta de ar, mas uma leve embriaguez, a que nos deixa no estado de observação e reflexão. Mas, é claro, cada um tem sua própria viagem. Quer saber? A peça é foda!

***

Após a peça, Amanda me deu uma carona até Ipanema. Como ela estava a fim de beber uma Malzbier, paramos num posto de gasolina perto da Maria Quitéria. Ficamos no carro, bebendo e escutando jazz, com o Cristo Redentor iluminado no alto da escuridão da noite, bem à nossa esquerda. O posto estava cheio de jovens, um pouco mais velhos do que os vimos no caminho, mas todos inconseqüentes, esperançosos e rindo de futilidades boas e inocentes de alguém que só está buscando a diversão e o gozo. Amanda e eu conversamos sobre a peça, a falta de união e auto- crítica geral, principalmente dos jovens, fossem eles playboys, gays ou jovens artistas. Falamos sobre qual deveria o equivalente feminino para "boquete" ( sugeri "vaginete"e "bucete", mas concordamos que eram péssimos. ) e sobre Wagner Moura. Bom ator e dotado de uma bunda bonita. Amanda não hesitou em dizer que daria para ele sem problemas. Eu não. Eu o comeria.

quarta-feira, outubro 27, 2004

MENSAGEM DE UTILIDADE PÚBLICA

Aviso aos navegantes que se aventurarem nesse mais recente blog. Uma palavra para você não perderem seu precioso tempo e saberem como as coisas vão funcionar aqui. Enfim, sem maiores delongas, resumidamente, para aqueles que quiserem ouvir, aqui vai: essa página será atualizada semanalmente. Repito: uma vez por semana, essa página terá novos textos, novas reflexões, avaliações e punhetagens afins. Todo domingo, um novo post. Aguardem. A revolução vai começar...

domingo, outubro 24, 2004

TESTE

Vamos ver se isso realmente funciona. Caso você consiga ler isso, ignore. É só um teste para saber se o blog está operacional. O resto também pode ser ignorado. Não vai mudar a sua vida. Pelo menos, eu não espero que mude. Isso é um teste. Esse post e esse blog. Vou ver onde isso vai me/ nos levar... Com certeza, não será Oz ou o Nirvana. Talvez à incrível e popular Volta dos 360 Graus. Honestamente, não sei por que, mas parece todos nós estamos fazendo um esforço sobre- humano para não chegar a lugar, não alcançar nada. E estamos conseguindo. Quem disse que a humanidade não tem salvação? Meu Deus, como o tédio é estimulante, no sentido negativo. Pior do que um bêbado filosofando e se queixando que levou um fora da namorada, é um candidato a intelectual e pseudo- artista tentanto falar sobre a vida e suas reviravoltas nada surpreendentes. Vocês não ficam de saco cheio? Eu não. Se não gostou, vá ler seu horóscopo e, quando for postar um comentário, digo o que está escrito no meu. Sou Áries. Esse post, como disse anteriormente, é um teste. Vários testes, na realidade. Agora, estou testando sua paciência, minha decadência e tentando expressar o que falta ao mundo: decência. Repararam a Cadência? Agora, estou testando o que restou de minha cabeça. Caso você, caro leitor, tenha passado ao teste, bem- vindo. Vamos dar uma volta em busca do nada e absoluto. Vamos olhar para o céu procurando por uma resposta e notar o tempo está nublado ( isso não foi uma metáfora. ). Vamos nos beijar e afirmar que não devemos nos apaixonar. Vamos debater cultura e sociedade para espelhos. Vamos viajar! Apertem os cintos.